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Walter Delgatti, o herói sem nenhum caráter.

No ano passado Walter Delgatti Neto, o, hacker de Araraquara, deu uma entrevista ainda no contexto da Vaza-Jato por salvar o Brasil da quadrilha da Lava Jato. Dizia estar empenhado em concluir seu curso de direito e na aprovação junto à OAB para exercer a profissão da advocacia. Nessa entrevista um sensato hacker se apresenta de forma muito serena e distinta como alguém que havia cumprido sua missão heroica, aguardando o fim do processo criminal, confiante no desfecho em seu favor pelos elevados propósitos a que serviu pondo as coisas em seus devidos lugares. A entrevista pode ser conferida aqui:

Foi em março do ano passado. Diante do indiciamento do hacker na “Operação Spoofing” o senador Renan Calheiros cogitou anistiá-lo. Eis que em setembro, Delgatti deu meia-volta associando-se à Carla Zambelli para atentar contra a democracia. Tentou sem sucesso hackear urnas eletrônicas na manobra do movimento golpista pela tese furada de fraude eleitoral. Não deu. Para não perder a viagem, foi em frente maquinando nova sabotagem, desta vez no CNJ, falsificando alvarás de soltura não cumpridos por motivos alheios à sua vontade. Fez mais: decretou a absurda ordem de prisão contra Alexandre de Moraes, subscrita por ninguém menos do que o próprio Alexandre de Moraes.

Rapidamente passou de bandido-herói a herói-bandido. Com suas novas peripécias foi preso por descumprir as medidas cautelares de se manter longe das redes sociais. Cumprindo a premonição literária de Mário de Andrade, Delgatti configura-se no exemplar digital do herói sem nenhum caráter. Após salvar a pátria, topou trai-la, servindo à Zambelli que teria exultado (segundo depoimento do próprio hacker à Polícia Federal) com a ideia de emitir o tal mandado de prisão contra Moraes. Com “missões” desse tipo, serviu à “inteligência” golpista. Os planos de Zambelli tinham credibilidade da nota de três reais. Mesmo assim, Delgatti os abraçou funcionando como consultor de militares ávidos por relatórios que desmoralizassem as urnas. Uma legião de heróis macunaímicos estava em campo às vésperas das eleições de 2022.

Supõe-se que para hackear seja necessário algum tipo de discernimento e perspicácia, ao menos na identificação de falhas dos esquemas de proteção configuradores da segurança digital. Como alguém pôde fazer uma operação tão funesta, em meio ao cumprimento de medidas cautelares, sabendo do risco praticamente certo de ir direto à cadeia por envolvimento em plano tão tosco? A história tem suas ironias. A República foi “salva” pelo hacker ProBono que, na sequência, vendeu-se para desgraçá-la. Seu depoimento queimou Zambelli. Como foi recebido pelo no Alvorada para explicar a invasão das urnas pelo maior interessado e beneficiário da operação, torrou o Inelegível. Como assessorou militares da vanguarda golpista articulados pela tese das urnas fraudáveis, também poderia ajudar a levar toda essa gente chamuscada em cana. Fecha-se o ciclo da biografia macunaímica. Mário de Andrade estava certo ao interpretar o caráter de nosso heroísmo sem caráter. Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são!

Uma resposta

  1. Não acho que ele seja herói, para mim é apenas sem caráter, faz o que para ele é conveniente. Não julgo, nem posso, quais sejam seus motivos, não cabe a mim, apenas a ele e a Justiça. Também não aceito a cantilena de que ele uniu-se a Zambelli porque não foi agasalho pela Esquerda.
    O Genoíno foi abandonado pelo PT, direção e grandes Estrelas, entre elas Lula, na época do mensalão, mas não traiu o PT, sua trajetória e suas bases. Não estou comparando Genoíno ao Hacker, comparação impossível e inadmissível, estou mostrando o que é um Homem de Caráter.

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