Porque é uma pauta justa, clara, simples de ser entendida, que toca a vida de milhões de pessoas — e tem um valor simbólico fortíssimo. Um valor intrinsecamente de esquerda, porque combate a exploração e a alienação do trabalho assalariado (aquela coisa que Marx explicou no século XIX).
O movimento contra o aumento dos 20 centavos no preço da passagem de ônibus, em 2013, começou da mesma forma, potente e justa. À época, as cabeças de planilha do PT e do Planalto fizeram tudo errado e responderam da pior forma possível (o Haddad, então prefeito de São Paulo, foi entre os piores, com sua obsessão pelas contas “em ordem”, que aparentemente o impede de entender o beabá da política). A partir daí, foi ladeira abaixo.
O movimento atual pode ser uma ocasião fundamental, talvez única, para a esquerda reencontrar seu rumo, recuperar parte de sua rebeldia, senso e brilhos perdidos. E voltar a ser uma alternativa não só para combater males piores, mas para sonhar. Por outro lado, se a resposta do PT e do governo Lula for frouxa, burocrática, medrosa, este movimento pode ser apropriado por setores da direita e se tornar a pá de cal final para a esquerda brasileira, por pelo menos uma geração.
Giancarlo Summa
Uma resposta
Ver “O Direito a Preguiça!” de Paul Lafargue, genro do Marx. Com prefácio de Marilena Chauí.