Um espaço para contribuir com o PT no debate sobre temas da conjuntura.

Dois Mil e Vinte e Três.

1º de Janeiro

BSB. Posse de Lula. Não se sabe se Lula vai de carro aberto ou fechado. É simbólico de uma campanha marcada pela violência política. O resultado é que o terrorismo da direita não pode ser subestimado. Ao mesmo tempo, a posse mais concorrida dos últimos tempos, com massiva presença popular combina mais com o Lula de sempre. Perto do povo, se possível cara-a-cara.  A ver.

*Visto. Lula foi de carro aberto. Previsível. Dei entrevista na semana passada comentando o assunto. Um “especialista” em segurança pública receitou carro blindado. Só quem não conhece Lula para supor que virá para sua terceira posse trancado num carro blindado para um desembarque apressado quase fugindo para dentro de palácios. Foi de calhambeque como sempre.

“Recebeu a faixa do povo brasileiro”, dizem as manchetes. Subiu com gente do povo, lideranças, uma criança, cozinheira, metalúrgico, indígena e cachorra adotada quando esteve preso em Curitiba. Golpistas não fizeram falta.

Efeitos do Discurso do Mourão. Mourão deu um discurso de despedia no lugar do ex-presidente em fuga. Como foi escolhido por Bolsonaro por ser um general boquirroto, com performances de insurgência no governo Dilma, ao se apresentar como um protocolar e inofensivo vice-presidente dando juras à democracia e à alternância no poder, ficou estranho. Desagradou os que tombaram e os que venceram. O efeito desmobilizador entre golpistas de rua e de palácio é uma provável consequência. O impacto da posse de Lula em perspectiva turva demais episódios. Inclusive este. O discurso do general sob o constrangimento do presidente em fuga, tem mais impacto entre os bolsonaristas do que qualquer outra coisa.

A Praia dos Orixás. A passagem do ano foi na Praia dos Orixás, na terceira ponte do Lago Paranoá. Fundo de Quintal numa tenda, vários terreiros e suas giras, gente por todos os lados, dançando, bebendo, brindando, celebrando. Em grupo, estávamos soltos na multidão na sucessão de encontros. A pirotecnia ao fundo, no Lago. Zanzar por ali entre os Orixás sobre altos pedestais fez a cerimônia  simpática às divindades. Incorporados girando, pombas-gira pelas tendas, olhos fechados, mão nas cadeiras festança em torno, pontos e gargalhadas ora felicidade ora sinistra.

Esplanada. Quantas pessoas? Muitas. Lula fez discursos na posse e no parlatório reiterando o compromisso de combate à fome, afirmação da diversidade e democracia. Creditou sua vitória à consciência do povo brasileiro e à frente ampla. É uma profissão de fé. O país está dividido e muito distante das condições favoráveis que abriram o primeiro mandato em 2003. Litigar não é opção. É necessidade. Durante o discurso no parlatório, quando aludia ao descalabro do antecessor, a multidão presente no evento respondeu com um sonoro “sem anistia”. 

Ainda hoje assinou decretos revertendo importação de armas, determinou a revisão dos decretos de sigilo de seu antecessor, barrou desestatizações em curso e desautorizou Haddad, o ministro da Fazenda, determinando a continuidade da isenção tributária de combustíveis, cuja supressão fora anunciada ainda na transição. Para o dia da posse, essas medidas são sinais contundentes dos rumos a ser adotados. Lula chamou o teto de gastos de estupidez, indicando que não se submeterá ao programa do golpe.

2 de Janeiro.

Posse de ministros. Haddad (Fazenda), às 9h no CCBB. Márcio França (Portos e Aeroportos), às 17h Esplanada dos Ministérios, Bloco R, Ed. Sede, subsolo, em Brasília-DF. Fiz parte da coordenação do programa de governo do Haddad para SP nas últimas eleições. Márcio França assume a pasta que vai tocar a gestão do porto de Santos, onde atuei na pauta jurídica antidesestatização, tudo indica, a ser assumida pelo atual governo.

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