Um espaço para contribuir com o PT no debate sobre temas da conjuntura.

Acorda, esquerda, pô!

A retirada da esquerda das redes: um erro histórico

É duro admitir, mas as forças progressistas foram induzidas – e em grande medida aceitaram – a abandonar o principal campo de batalha político do século XXI: as redes sociais.

Essa retirada não foi espontânea. Foi fruto de uma estratégia sofisticada de manipulação conduzida por estruturas articuladas da extrema direita, com a cumplicidade das grandes plataformas tecnológicas (Big Techs) e inspiração em modelos de guerra híbrida e ideológica já testados em outras ocasiões (Primavera Árabe, Ucrânia,
plebiscito no Reino Unido, 1° eleição de Trump, golpe Dilma eleição de Bolsonaro)

Essa manipulação se deu em duas dimensões fundamentais: coletiva e individual.

  1. A manipulação em larga escala: engenharia da desmobilização

As ações sistemáticas das Big Techs – como o favorecimento aos discursos de ódio, a saudação nazista de Musk e sua intervenção na eleição alemã, o abandono do Facebook ao monitoramento das fake News e discurso do ódio
fazem parte de um esforço deliberado, planejado e continuo para estimular as forças progressistas a abandonarem as redes sociais ou, apenas, os debates políticos nelas travados, por não aceitarem esse grande vínculo existente. Ao protestarem abandonando o campo de batalha, o deixaram livre para o avanço da extrema-direita.

Essas práticas fazem parte, portanto, de um plano de reengenharia do espaço público digital, que busca:

  • Tornar as redes sociais ambientes hostis para o pensamento crítico;
  • Incentivar o abandono das plataformas por parte dos setores mais conscientes da sociedade;
  • Desarticular os canais de comunicação das esquerdas, isolando lideranças e movimentos sociais;
  • Reduzir a influência cultural e simbólica dos valores progressistas.

O resultado foi devastador: milhares de militantes de esquerda desinstalaram aplicativos, silenciaram suas vozes ou passaram a utilizar as redes apenas para fins pessoais.

Também com base nisso, os movimentos sociais continuaram a insistir em usar apenas táticas antigas de mobilização, como a panfletagem e o porta de fábrica, sem combinar essas ações com estratégias digitais eficazes.

  1. A manipulação subjetiva: isolamento afetivo e retração algorítmica

No plano individual, a direita investiu pesado na violência simbólica e na intimidação discursiva. Por meio de milícias digitais – muitas organizadas, financiadas e tecnicamente capacitadas promoveu ataques coordenados a militantes de esquerda em seus ambientes pessoais: redes, grupos familiares, círculos religiosos e de trabalho.

Diante dessa agressividade, muitos progressistas reagiram como se estivessem lidando com um conflito moral, não político: bloquearam, silenciaram, abandonaram grupos, fecharam perfis e criaram bolhas afetivas nas quais só interagiam com seus pares ideológicos.

Essa retirada espontânea, compreensível do ponto de vista emocional, teve um efeito desastroso do ponto de vista estratégico:

  • Os algoritmos passaram a identificar conteúdos de esquerda como restritos a nichos específicos, limitando seu alcance e reduzindo sua difusão;
  • A esquerda deixou de dialogar com a sociedade, perdendo capacidade de escuta, persuasão e influência nos debates amplos;
  • O campo digital foi ocupado, sem resistência, por uma extrema direita agressiva, bem organizada e com alta capacidade de mobilização.

  1. O WhatsApp: epicentro silencioso da guerra ideológica

Logo após a sua criação, o WhatsApp tornou-se a trincheira principal da guerra ideológica no Brasil.

Diferente das redes baseadas em algoritmo, o WhatsApp é estruturado sobre conexões pessoais e comunitárias, com penetração superior a 99% nos celulares brasileiros. Segundo dados recentes, 79% dos usuários afirmam que o WhatsApp é sua principal fonte de informação.

Isso porque ele é algo muito mais poderoso do que uma mídia social: funciona como milhões de assembleias populares permanentes, onde se discutem política, religião, saúde, segurança, moral e comportamento — tudo em tempo real e com forte carga emocional.

Dinâmica dos grupos:

  • Apenas cerca de 10% dos participantes desses grupos são ideologicamente engajados ou radicais (à direita ou à esquerda);
  • Os outros 90% formam uma maioria silenciosa, que se posiciona a partir do que presencia nesses espaços de debate.

A extrema direita entendeu isso com antecedência e organizou uma ocupação militarizada do WhatsApp, com:

  • Gabinete do Ódio atuando como comando tático;
  • Linhas de transmissão hierárquicas, interligadas por segmentos religiosos, empresariais e militares;
  • Monetização da produção massiva de conteúdo visual e textual (memes, vídeos curtos, textos prontos);
  • Milícias digitais com linguagem violenta, estética própria e domínio do “humor tóxico”.

Essas redes funcionam como um curral eleitoral virtual, reforçando o controle ideológico de massas e a fidelização de votos.

  1. O desmonte das redes populares de esquerda

Os poucos militantes progressistas mais consciente e bem informado que permaneceram em grupos populares foram sendo progressivamente isolados, silenciados ou expulsos por administradores alinhados à direita —
ou simplesmente desistiram diante da violência discursiva.

Os que abandonaram os grupos populares abertos se exilaram em um grande arquipélago de bolhas fechadas, compostas por grupos exclusivamente de esquerda, onde os militantes interagem entre si e reforçam suas próprias certezas.

Sem comunicação horizontal (com a sociedade) ou vertical (com lideranças), esses grupos tornam-se circuitos fechados de reafirmação ideológica, sem qualquer capacidade de disputa simbólica.

A consequência direta é o aprisionamento dos conteúdos progressistas: eles não circulam, não convencem e não transformam. A esquerda passou a falar apenas para ela mesma, enquanto a extrema direita fala para o povo.

  1. A resistência espontânea: o lulismo popular

Apesar disso, formou-se de forma autônoma uma resistência popular de base lulista, profundamente conectada à vida concreta do povo, mas desconectada das organizações políticas e intelectuais da esquerda tradicional.

Esse lulismo popular não tem canal de expressão organizado nas redes, não está inserido nos espaços de formação política embora participe ativamente do debate público. Ele representa um potencial gigante de base democrática e antifascista, ainda inexplorado.

  1. O perigo real: derrota total e retrocesso civilizatório

Com toda essa assimetria, a extrema direita impõe com facilidade sua pauta de desinformação, ressentimento e violência. Consegue desconstruir a imagem de Lula, do PT, dos movimentos sociais, da militância e até da cultura progressista brasileira.

Nada escapa à corrosão. Nem a arte, nem a ciência, nem a educação, nem a memória histórica.

Estamos diante de uma ameaça real e concreta de aniquilamento político, cultural, simbólico e até físico das forças democráticas no Brasil.

A instalação de uma ditadura neonazista não é uma metáfora ou exagero retórico. É um projeto em curso, com agentes, recursos, estratégia e apoio internacional.

  1. O erro fatal: abandonar as redes sociais

Abandonar as redes sociais por serem dominadas pelas Big Techs é um erro tão grave quanto teria sido, no passado, abandonar:

  • a luta pela terra porque os latifundiários dominam o campo;
  • a luta sindical porque os patrões controlam as fábricas;
  • a luta política porque o Congresso está corrompido.

A esquerda precisa voltar ao front digital com urgência. Precisa ocupar as redes sociais com conteúdos gerados por nossas lideranças políticas, sindicais, camponesas e de organizações civis, a ser distribuído por uma plataforma unificada que precisa ser criada. É fundamental que as forças progressistas se organizem para apoiar a resistência popular já existente.

Não se trata apenas de usar as redes sociais como ferramentas, mas sim de compreender que estamos em uma guerra estratégica, onde a disputa das mentes e corações é decisiva para a construção do nosso sonho de uma sociedade mais justa, solidária e igualitária.

Nunca conseguiremos implantar o socialismo em uma sociedade ideologicamente identificada com a extrema-direita e o neonazismo.


Nota do autor:
Este artigo foi produzido com apoio de ferramentas de inteligência artificial para pesquisa, estruturação de ideias e revisão textual. O conteúdo final reflete a curadoria e análise crítica do autor.

Respostas de 3

  1. Muito lucidez Compactuo integralmente Essencialmente no que se refere a incompetência da em lidar com a força das redes sociais Com um agravante: Toda a imprensa tradicional visceralmente direitizada

  2. Texto bem produzido, com muita lucidez. Um pouco longo para os padrões do whatsapp. Pessoalmente não tenho muita convicção de nossa capacidade de intervir. O combate as fakes, mentiras plantadas e amplificadas com uso de robôs, são manipuladas e difíceis de combater com a divulgação da verdade apenas com o engajamento da militância… Acho que o uso da lei é o caminho, identificar, processar e punir os produtores das fakes…tem que atingir essa galera no bolso e colocar na cadeia . O problema é a morosidade da justiça…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Virtual personal assistant from Los Angeles supports companies with administrative tasks and handling of office organizational issues.