Um documento sem assinatura sobre eleições municipais em Santos circula pela Região. Ao final, o documento sugere ter sido produzido pela Direção da Macrorregião. (Ver documento aqui.)
O debate em torno da candidatura majoritária em Santos para esta eleição está superado. A troco de quê, então, esse documento foi produzido? O fato é que ele acaba demonstrando as dificuldades reais a serem enfrentadas com a tática escolhida.
A propósito de provar a tese de que somos mais fortes sem a candidatura com maior votação na eleição proporcional, apresentou-se uma série histórica para demonstrar que candidatura majoritária com votação expressiva impulsiona a chapa proporcional.
Os números não dizem isto.
Nesse sentido, o documento é útil para que o Partido se dê conta do que vai enfrentar. O que o documento “não viu” passa a ser demonstrado aqui. Os números são os mesmos apresentados por ele.
1. A tendência dos votos no PT apontada nas cinco últimas eleições.
Quanto à votação nas eleições majoritárias em Santos, os números mostraram trajetória de queda nos votos majoritários em 16 anos (cinco eleições):
Nosso melhor desempenho após 2004 foi em 2012 com 41.623 votos, 34,9% dos votos obtidos em 2004 (119.231 votos). O cenário daquela eleição teve como pano de fundo a aprovação dos governos Lula I e II impulsionando o Governo Dilma I que se encontrava na primeira metade. Lula saiu do segundo mandato com aprovação de 83%.
Em 2024 as eleições acontecerão na primeira metade do governo Lula III. Em 2023, a aprovação do governo ficou em torno de 38%, índice bom, consideradas as dificuldades para governar com o sequestro orçamentário das emendas impositivas de um Congresso reacionário dominado pelas forças conservadoras.
Eis os números da série histórica dos votos do PT para candidaturas majoritárias nas cinco últimas eleições municipais em Santos:
2. O desempenho eleitoral do PT nas eleições proporcionais em Santos.
Para o mesmo período, nosso desempenho na disputa do Legislativo seguiu a mesma tendência de queda como demonstra o quadro abaixo:
o contrário das eleições majoritárias que tiveram pequeno aumento de 27% comparando-se as eleições de 2008 e 2012, os votos na chapa proporcional caíram 52% no mesmo período. Foi o efeito concreto, naquele ano, de participar do pleito com a companheira Telma de Souza como candidata majoritária.
Ou seja, nas eleições majoritárias onde o desempenho foi 27% melhor em relação ao pleito anterior, o desempenho na chapa proporcional caiu 52%. Os números indicam que naquela eleição a candidatura majoritária em nada influenciou as candidaturas proporcionais.
A possibilidade dessa dinâmica se repetir em 2024 é real. Certamente haverá melhora de desempenho na candidatura majoritária. Contudo, olhando para a história, o DM precisa considerar o risco de piora de desempenho na chapa proporcional e ter sua própria estratégia para enfrentar esta dificuldade neste pleito.
Eis os números:
Os números demostram que nosso desempenho médio na disputa do Legislativo há três eleições (2012/2016/2020) é de 13 mil votos.
A diferença de votos entre as eleições majoritárias foi irrelevante para as eleições proporcionais do período.
3. O impacto da candidatura majoritária no voto de legenda.
Por fim, resta examinar o impacto do voto majoritário no voto de legenda. Trata-se de 10%, conforme quadro abaixo:
Em números absolutos:]
Para suprir a lacuna deixada na chapa proporcional, seriam necessários 80 mil votos na eleição majoritária 2024. Com 80 mil votos não venceríamos as eleições, mas com certeza estaríamos no segundo turno.
Pesquisas recentes apontam preferência de 14% dos votos do eleitorado para nossa candidatura majoritária.
Projetando esse número em termos de votos, teríamos 28 mil votos. Implicaria 2,8 mil votos de legenda na chapa proporcional. Significa que, a preços de hoje, 5,2 mil votos foram “chupados” para fora da chapa.
É disso que se trata. A tese do documento da Macro não se sustenta nos números apresentados. Em qualquer eleição se entra para ganhar. Mas é sempre bom levar em conta o campo de batalha e as posições dos adversários para nos posicionarmos adequadamente.
Como dito antes, candidatura majoritária para o pleito 2024 está definida. A tarefa é também garantir a presença do PT na Câmara para a legislatura 2025/2028 sabidamente em condições mais adversas.
Esse é o desafio.
Mãos à obra!
Douglas Martins
Vice-Presidente do DM de Santos.